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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Castelo Interior - Sete Moradas (Santa Teresa D'Ávila)


“Podemos considerar a nossa alma como um castelo incrustado num só diamante ou num cristal muito polido no qual há muitas moradas, como as que existem no céu.”
 (Santa Tereza D’Ávila)

O famoso Catecismo holandês apresenta assim aos crentes de hoje esta obra teresiana: “Santa Teresa escreveu um livro em que a alma está representada por um Castelo com sete moradas. Morada após morada, chega-se à sétima onde habita Deus, quer dizer, Cristo. A sua presença percebe-se em todo o Castelo, mas ao chegar a alma ao centro, imersa na própria realidade, sente-se toda invadida pelo sereno sentimento de que Deus está nela. A alma vive dentro da realidade terrena, que se apresenta magnífica aos seus olhos, pois compreende que Deus é o coração inefável de toda a realidade”.

Na Positio para o Doutoramento da Santa, encontra-se, como peça principal, o Relatório do advogado da causa. Para defender a altura da eminente doutrina da santa doutoranda, oferece da seguinte maneira uma espécie de resumo d’As Moradas. Esta “é a principal obra teresiana e mesmo – segundo alguns – de toda a mística cristã […]. O livro divide-se em sete partes ou moradas, das quais cada uma tem vários capítulos, exceto as segundas moradas, que tem um único capítulo.


As Primeiras Moradas (2 capítulos) são as almas que têm desejos de perfeição, mas ainda estão metidas nas preocupações do mundo, das quais devem fugir e procurar a solidão.

As Segundas Moradas (1 capítulo) são as almas com grande determinação de viver em graça e que se entregam, portanto, à oração e a alguma mortificação, embora com muitas tentações por não deixarem de todo o mundo.

As Terceiras Moradas (2 capítulos) são para as almas que exercitam a virtude e a oração, mas pondo nisso um amor dissimulado a si mesmas. Precisam de humildade e obediência.

As Quartas Moradas (3 capítulos) são já o começo das coisas “sobrenaturais”: a oração de quietude e um início da união. Os frutos não são ainda estáveis: por isso, as almas devem fugir do mundo e das ocasiões.

As Quintas Moradas (4 capítulos) são já de plena vida mística, com a oração de união que é sobrenatural e dá-a Deus quando quer e como quer, embora a alma se possa preparar. Os sinais verdadeiros desta união é que seja total, que não falte a certeza da presença de Deus e que sucedam tribulações e dores em que provar o amor a Deus. Necessita-se grande fidelidade.

As Sextas Moradas (11 capítulos). Consegue-se uma grande purificação interior da alma, e, entre as graças que nela se dão, totalmente sobrenaturais, estão as locuções, êxtases, etc., grande zelo pela salvação das almas, que leva a deixar a sua solidão. É necessária a contemplação da humanidade de Cristo para chegar aos últimos graus da vida mística.

As Sétimas Moradas (4 capítulos) são o cume da vida espiritual, em que se recebe a graça do matrimônio espiritual e uma íntima comunicação com a Trindade, do que brota espontaneamente uma grande paz em que vive a alma, sendo ao mesmo temo ativa e contemplativa. Uma contemplação que não é subjetiva, mas que transcende o homem levando-o a esquecer-se de si e a entregar-se a Cristo e à Igreja”.

Esta espécie de resumo autorizado é como uma apresentação do Castelo no seu conjunto; e vem a ser, ao mesmo tempo, como um convite a ir verificando toda essa estrutura, não de maneira mental ou intelectual, mas vivencialmente, isto é, desde a práxis e experiência cristã, e tudo isso pela mão de Teresa de Jesus, a Doutora da Igreja Universal.


Publicado originalmente em teresadejesus.carmelitas.pt (Arquivo em PDF)

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