...

...
...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Como Entender o Chamado de Deus e Como Viver Como Escolhido


"Porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos". (Mateus 24)

Você sabia que há um chamado de Deus para você? Sim, Deus chama a todos! O chamado é d'Ele, mas a escolha é nossa, nós é que decidimos se queremos segui-Lo ou não.

Quando o Senhor nos criou, Ele já tinha um plano, um projeto, uma vocação para nós. O Pai sonhou para cada homem um plano de amor e concebeu a nossa individualidade segundo este plano. Assim, a realização e felicidade do homem estão em descobrir e viver este plano de Deus a seu respeito.

O homem só se realiza e é feliz quando vive aquilo para o qual foi criado. Se vivemos ou fazemos muitas coisas e não nos realizamos, é porque estamos fora da nossa vocação, estamos fora do plano de Deus para nós.

Toda vocação autêntica é sempre iniciativa de Deus. É Deus quem livremente escolhe e chama o homem, não é o homem que escolhe ser chamado por Deus. Deus fala, se revela, e chama o homem revelando-lhe a si mesmo. O homem escuta e acolhe a revelação de Deus para responder ao chamado. 

Portanto, o primeiro passo para discernir o chamado de Deus é saber ouvi-Lo. Às vezes, temos tanta coisa para fazer que não temos tempo para ouvir a voz do Pai. Precisamos reservar um tempo para o Senhor.

Como dar a vida a Deus? Dedicando a Ele um tempo com qualidade. Muitas vezes, o Senhor nos chama por intermédio de pessoas da nossa paróquia ou de nossos amigos. Mas como estamos tão atarefados, não conseguimos entender e discernir a Sua Palavra. No entanto, o Senhor, que é sábio, nos lembra que a nós foram dados dois ouvidos e uma boca, ou seja, precisamos aprender a ouvir mais e a falar menos.

Quantas pessoas foram chamadas, capacitadas, mas não conseguiram corresponder à sua vocação, porque não souberam ouvir a vontade de Deus!



SEGUIR A JESUS, UMA EXPERIÊNCIA DE INTIMIDADE

Seguir a Jesus, ser discípulo missionário, é o centro do estudo da Teologia: conhecer a Jesus é conhecer a Deus. O seguimento de Jesus nos desperta para a compreensão de sua missão e para novidade de seu chamamento.

O Documento de Aparecida afirma:  Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele, porque é a fonte da vida (no. 131). Jesus interrompe o costume judaico ao escolher seus discípulos contrariando os costumes de que os  discípulos é que escolhiam o mestre. O próprio Jesus se compromete com seus escolhidos e faz com que eles se comprometam com o mestre. Jesus é quem vem ao encontro. É o advento divino acontecendo: somos encontrados e chamados pelo próprio Cristo. Ele, que nos ama, nos chama e nós que o queremos amar, respondendo convictos da missão de testemunhar e anunciar o Reino de Deus, respondemos: Estamos aqui, Senhor.

A resposta convicta, quando a poderemos oferecer? Somente uma experiência de profunda intimidade, presença e acolhida é  capaz de fazer brotar o compromisso no seguimento, no serviço e no anúncio.

O núcleo central do seguimento é o Cristo ressuscitado. A experiência do Cristo vivo, presente, que vem ao nosso encontro é a fonte de todo o discipulado. Tal encontro gera a disposição sincera, forte e vivificante que faz despertar no homem uma inquietude interior. É impossível ficar indiferente quando o próprio Cristo toca-nos o coração. Com o convite feito, convite este gravado no coração e aceito conscientemente, é hora de seguir, pôr a caminho, ousando viver os passos de nosso Mestre nos tempos de hoje.

“Segue-me” de Jesus, que tanto desconcertou e despertou a inquietude de seus discípulos no Novo Testamento é o mesmo “Segue-me” que continua a desafiar e a inquietar aqueles que se põem a viver segundo Cristo, e em Cristo.

O discípulo que faz de Cristo sua norma de vida é desafiado a colocar em suas experiências vitais a mensagem de Jesus. Isso pode acontecer de duas maneiras: – o seguimento de tipo formal, imitação; – o seguimento de tipo real, assumido vitalmente.

O seguimento de  tipo formal se restringe a imitar o Mestre. Reduz o Evangelho a preceitos e conselhos de comportamento, desligado da história. É um seguimento considerado não histórico, pois se caracteriza como um seguimento intimista, individual, pouco comprometido com as relações interpessoais e sociais; é uma cópia, um caminhar desatualizado, sem possibilidade de renovar, iluminar, tudo fica na mesma, é o tipo de seguimento que aos poucos vai ficando sem graça, pois onde não existe criatividade também não haverá vidas que queiram se relacionar.

Já o seguimento de tipo real abraça verdadeiramente a pessoa e o estilo de vida de Jesus, assumindo como seu o caminho histórico de Jesus. É ser criativo, saber renovar, oferecer luz e vida, ser fonte de esperança, ser sinal do Reino de Deus acontecendo no mundo, ser discípulo missionário com identidade própria. Não é ser cópia de Cristo, mas é atualizar Cristo em nosso tempo, em nossa história.

Para seguir Jesus não basta imitá-lo: é necessário comprometer-se a viver como Jesus viveu, inspirar no coração o impulso de amor por toda pessoa humana, criando unidade de pensamento, conforto para o espírito e integridade pessoal como Jesus fez.

Ser discípulo de Jesus é ser como Jesus

A docilidade deve ser a marca dos que seguem Jesus Cristo, característica inerente do discípulo, sempre conectada à misericórdia, à justiça e ao serviço.

O encontro íntimo e pessoal com Jesus leva o discípulo ao compromisso com a história. É chamado a dar testemunho da mensagem de Jesus, de seu estilo de vida e de sua prática libertadora para a superação dos obstáculos que inevitavelmente surgem na vida do seguidor de Jesus e do ser humano.

O Documento de Aparecida declara que o seguimento de Jesus Cristo deve partir do Cristo real (não fruto de nossas fantasias), a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido: “Necessitamos fazer-nos discípulos dóceis para aprender com ELE, em seu seguimento, a dignidade e a plenitude da vida (no. 41). O seguidor de Jesus não foge do humano, pois ele realiza sua experiência de fé no mundo, a exemplo de Cristo: encarnado na história, para transformar o mundo e não para repetir ou imitar modelos.

O seguimento de Jesus, portanto, não pode ser reduzido à imitação de outras épocas. É o desafio grandioso de encarnar o sentido dos atos, palavras e gestos dele no contexto novo da vida e da situação atual: uma fidelidade criativa e criadora.

Todos somos chamados pelo próprio Cristo. Ser chamado exige uma resposta autêntica, resposta que nasce no coração e ganha forma na consciência de ser cristão. Mas é necessário saber que a resposta e o se pôr a caminho exigirá uma criatividade operante. Clarice Lispector belamente escreve: Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir”. Ter consciência do chamado é o primeiro passo, mas os outros passos no seguimento de Jesus devem ser repletos de talentos: para seguir Jesus não podemos ser conservadores. Precisamos sempre mudar para nos tornar, cada vez mais, atualizadores do amor de Deus revelado em seu Filho Jesus Cristo. Ser discípulo missionário de Cristo é ser um “artista” que, desenvolvendo os talentos que Deus lhe deu, faz o Reino de Deus ser sua obra prima neste mundo.

Seguir a Jesus é uma resposta livre do amor nascido da fé naquele que inaugura um novo modo de vida: plena, justa, fraterna e feliz.

  • Pe. Ederson Iarochevski

Nenhum comentário:

Postar um comentário