Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje iniciamos uma série de catequeses sobre Sacramentos, e a primeira diz respeito ao Batismo. Por uma feliz coincidência, domingo próximo é justamente a festa do Batismo do Senhor.
1. O Batismo é o sacramento sobre o qual se funda a nossa própria fé e que nos une como membros vivos em Cristo e na sua Igreja. Junto à Eucaristia e à Confirmação forma a chamada “iniciação cristã”, a qual constitui como um único, grande evento sacramental que nos configura ao Senhor e faz de nós um sinal vivo da sua presença e do seu amor.
Pode nascer em nós uma pergunta: mas é realmente necessário o Batismo para viver como cristãos e seguir Jesus? Não é no fundo um simples rito, um ato formal da Igreja para dar nome ao menino e à menina? É uma pergunta que pode surgir. E a tal propósito, é esclarecedor o que escreve o apóstolo Paulo: “Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6,3-4). Portanto, não é uma formalidade! É um ato que toca em profundidade a nossa existência. Uma criança batizada ou uma criança não batizada não é o mesmo. Não é o mesmo uma pessoa batizada ou uma pessoa não batizada. Nós, com o Batismo, somos imersos naquela inexaurível fonte de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história; e graças a este amor podemos viver uma vida nova, não mais à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos.
2. Muitos de nós não temos a mínima recordação da celebração deste Sacramento, e é óbvio, se fomos batizados pouco depois do nascimento. Fiz esta pergunta duas ou três vezes, aqui na Praça: quem de vocês sabe a data do próprio Batismo, levante a mão. É importante conhecer o dia no qual eu fui imerso propriamente naquela corrente de salvação de Jesus. E me permito dar-lhes um conselho. Mas, mais que um conselho, uma tarefa para hoje. Hoje, em casa, perguntem a data do Batismo e assim saibam bem o dia tão belo do Batismo. Conhecer a data do nosso Batismo é conhecer uma data feliz. O risco de não sabê-lo é de perder a memória daquilo que o Senhor fez em nós, a memória do dom que recebemos. Então acabamos por considerá-lo somente como um evento que aconteceu no passado – e nem por vontade nossa, mas dos nossos pais – que já não tem mais nenhuma incidência no presente. Devemos despertar a memória do nosso Batismo. Somos chamados a viver o nosso Batismo a cada dia, como realidade atual da nossa existência. Se conseguimos seguir Jesus e permanecer na Igreja, mesmo com os nossos limites, com as nossas fragilidades e os nossos pecados, é propriamente pelo Sacramento no qual nos tornamos novas criaturas e fomos revestidos de Cristo. É por força do Batismo, de fato, que, livres do pecado original, somos unidos à relação de Jesus com Deus Pai; que somos portadores de uma esperança nova, porque o Batismo nos dá esta esperança nova: a esperança de seguir pelo caminho da salvação, toda a vida. E esta esperança nada e ninguém pode extinguir, porque a esperança não desilude. Lembrem-se: a esperança no Senhor não desilude nunca. Graças ao Batismo, somos capazes de perdoar e de amar também quem nos ofende e nos faz mal; que conseguimos reconhecer nos últimos e nos pobres a face do Senhor que nos visita e se faz próximo. O Batismo nos ajuda a reconhecer na face das pessoas necessitadas, nos sofredores, também no nosso próximo, a face de Jesus. Tudo isso é possível graças à força do Batismo!
3. Um último elemento, que é importante. E faço a pergunta; uma pessoa pode batizar a si mesma? Ninguém pode batizar a si mesmo! Ninguém. Podemos pedi-lo, desejá-lo, mas sempre precisamos de alguém que nos administre este Sacramento em nome do Senhor. Porque o Batismo é um dom que vem concedido em um contexto de solicitude e de partilha fraterna. Sempre na história, um batiza o outro, o outro, o outro… é uma sequência. Uma sequência de Graça. Mas, eu não posso me batizar sozinho: devo pedir a um outro o Batismo. É um ato de fraternidade, um ato de filiação à Igreja. Na celebração do Batismo podemos reconhecer as feições mais genuínas da Igreja, a qual como uma mãe continua a gerar novos filhos em Cristo, na fecundidade do Espírito Santo.
Peçamos então de coração ao Senhor poder experimentar sempre mais, na vida de cada dia, esta graça que recebemos com o Batismo. Encontrando-nos, os nossos irmãos possam encontrar os verdadeiros filhos de Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de Jesus Cristo, verdadeiros membros da Igreja. E não esqueçam a tarefa de hoje: procurar, perguntar a data do próprio Batismo. Como eu conheço a data do meu nascimento, devo conhecer também a data do meu Batismo, porque é um dia de festa.
2. CONFIRMAÇÃO OU CRISMA
Boletim da Santa Sé - Catequese 29.01.2014
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia,
Nesta terceira catequese sobre os Sacramentos, concentremo-nos na Confirmação ou Crisma, que é entendida em continuidade com o Batismo, ao qual está ligada de modo inseparável. Estes dois sacramentos, junto com a Eucaristia, formam um único evento salvífico que se chama “iniciação cristã”, na qual somos inseridos em Jesus Cristo morto e ressuscitado e nos tornamos novas criaturas e membros da Igreja. Eis porque na origem estes três sacramentos se celebravam em um único momento, ao término do caminho catecumenal, normalmente na Vigília Pascal. Assim era selado o percurso de formação e de gradual inserção na comunidade cristã que poderia durar também alguns anos. Fazia-se passo a passo para chegar ao Batismo, depois à Crisma e à Eucaristia.
Comumente se fala de sacramento da “Crisma”, palavra que significa “unção”. E, de fato, através do óleo chamado “Sagrado Crisma” somos confirmados, no poder do Espírito, em Jesus Cristo, o qual é o único e verdadeiro “ungido”, o “Messias”, o Santo de Deus. O termo “Confirmação” recorda-nos então que este Sacramento leva a um crescimento da graça batismal: une-nos mais firmemente a Cristo; cumpre a nossa ligação com a Igreja; dá-nos uma especial força do Espírito Santo para difundir e defender a fé, para confessar o nome de Cristo e para não nos envergonharmos nunca da sua cruz (cf Catecismo da Igreja Católica, n. 1303).
Por isto é importante cuidar para que nossas crianças, nossos jovens, recebam este Sacramento. Todos nós cuidamos para que sejam batizados e isto é bom, mas talvez não cuidamos tanto para que recebam a Crisma. Deste modo, ficam no meio do caminho e não receberão o Espírito Santo, que é tão importante na vida cristã, porque nos dá a força para seguir adiante. Pensemos um pouco, cada um de nós: de fato temos a preocupação que as nossas crianças, os nossos jovens recebam a Crisma? É importante isto, é importante! E se vocês, em suas casas, têm crianças, jovens que ainda não a receberam e têm idade para recebê-la, façam tudo o possível para que esses terminem a iniciação cristã e recebam a força do Espírito Santo. É importante!
Naturalmente, é importante oferecer aos crismandos uma boa preparação, que deve buscar conduzi-los a uma adesão pessoal à fé em Cristo e a despertar neles o sentido de pertença à Igreja.
A Confirmação, como todo Sacramento, não é obra dos homens, mas de Deus, que cuida da nossa vida de modo a plasmar-nos à imagem e semelhança de seu Filho, para nos tornar capazes de amar como Ele. Ele o faz infundindo em nós o seu Espírito Santo, cuja ação permeia toda a pessoa e toda a vida, como refletido pelos sete dons que a Tradição, à luz da Sagrada Escritura, sempre evidenciou. Estes sete dons: eu não quero perguntar a vocês se vocês se lembram dos sete dons. Talvez vocês todos o sabem…Mas os digo eu em nome de vocês. Quais são estes dons? Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. E estes dons nos foram dados propriamente com o Espírito Santo no sacramento da Confirmação. A estes dons pretendo então dedicar as catequeses que seguirão àquelas sobre os Sacramentos.
Quando acolhemos o Espírito Santo no nosso coração e O deixamos agir, o próprio Cristo se torna presente em nós e toma forma na nossa vida; através de nós, será Ele o próprio Cristo a rezar, a perdoar, a infundir esperança e consolação, a servir os irmãos, a fazer-se próximo aos necessitados e aos últimos, a criar comunhão, a semear paz. Pensem em quão importante é isto: por meio do Espírito Santo, o próprio Cristo vem fazer tudo isso em meio a nós e por nós. Por isso é importante que as crianças e os jovens recebam o Sacramento da Crisma.
Queridos irmãos e irmãs, recordemo-nos de que recebemos a Confirmação! Todos nós! Recordemos antes de tudo para agradecer ao Senhor por este dom, e depois para pedir-lhe que nos ajude a viver como verdadeiros cristãos a caminhar sempre com alegria segundo o Espírito Santo que nos foi dado.
Boletim da Santa Sé - Catequese 05.02.2014
Tradução: Jéssica Marçal e Paula Dizaró
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje falarei a vocês da Eucaristia. A Eucaristia coloca-se no coração da “iniciação cristã”, junto ao Batismo e à Confirmação, e constitui a fonte da própria vida da Igreja. Deste Sacramento de amor, de fato, nasce cada autêntico caminho de fé, de comunhão e de testemunho.
Aquilo que vemos quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia, a Missa, já nos faz intuir o que estamos para viver. No centro do espaço destinado à celebração encontra-se um altar, que é uma mesa, coberta por uma toalha e isto nos faz pensar em um banquete. Na mesa há uma cruz, a indicar que sobre aquele altar se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual que ali se recebe, sob os sinais do pão e do vinho. Ao lado da mesa há o ambão, isso é, o lugar a partir do qual se proclama a Palavra de Deus: e isto indica que ali nós nos reunimos para escutar o Senhor que fala mediante as Sagradas Escrituras, e então o alimento que se recebe é também a sua Palavra.
Palavra e Pão na Missa tornam-se um só, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que havia feito, condensaram-se no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antes do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: “Tomai, comei, isto é o meu corpo…Tomai, bebei, isto é o seu sangue”.
O gesto de Jesus cumprido na Última Ceia é o extremo agradecimento ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. “Agradecimento” em grego se diz “Eucaristia”. E por isto o Sacramento se chama Eucaristia: é o supremo agradecimento ao Pai, que nos amou tanto a ponto de dar-nos o seu Filho por amor. Eis porque o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é gesto de Deus e do homem junto, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Então a Celebração Eucarística é bem mais que um simples banquete: é propriamente o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério central da salvação. “Memorial” não significa somente uma recordação, uma simples recordação, mas quer dizer que cada vez que celebramos este Sacramento participamos do mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
A Eucaristia é o ápice da ação da salvação de Deus: O Senhor Jesus, se fez pão partido por nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e seu amor, e assim renova o nosso coração, a nossa existência e a maneira como nos relacionamos com Ele e com os irmãos.
É por isto que sempre, quando nos aproximamos deste sacramento, se diz de: “Receber a Comunhão”, de “fazer a Comunhão”: isto significa que o poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística se conforma de modo profundo e único a Cristo, nos fazendo experimentar já a plena comunhão com o Pai que caracterizará o banquete celeste, onde com todos os Santos teremos a alegria de contemplar Deus face a face.
Queridos amigos, nunca conseguiremos agradecer ao Senhor pelo dom que nos fez com a Eucaristia! É um grande dom e por isto é tão importante ir à Missa aos domingos.
Ir à missa não somente para rezar, mas para receber a Comunhão, este pão que é o Corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa, nos une ao Pai. É muito bom fazer isto! E todos os domingos, vamos à Missa porque é o próprio dia da ressurreição do Senhor. Por isto, o domingo é tão importante para nós.
E com a Eucaristia sentimos esta pertença à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Deus, a Jesus Cristo. Nunca terminará em nós o seu valor e a sua riqueza. Por isto, pedimos que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a moldar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o coração do Pai. E isto se faz durante toda a vida, mas tudo começa no dia da primeira comunhão.
É importante que as crianças se preparem bem para a primeira comunhão e que todas as crianças a façam, porque é o primeiro passo desta forte adesão a Cristo, depois do Batismo e da Crisma.
4. SACRAMENTO DA PENITÊNCIA OU CONFISSÃO
Boletim da Santa Sé - Catequese 19.02.2014
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Através dos Sacramentos da iniciação cristã, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, o homem recebe a vida nova em Cristo. Agora, todos sabemos disso, nós levamos essa vida “em vasos de barro” (2 Cor 4, 7), ainda estamos sujeitos à tentação, ao sofrimento, à morte e, por causa do pecado, podemos até mesmo perder a nova vida. Por isto o Senhor Jesus quis que a Igreja continuasse a sua obra de salvação também através dos próprios membros, em particular o Sacramento da reconciliação e aquele da Unção dos enfermos, que podem ser unidos sob o nome de “Sacramentos da cura”. O Sacramento da Reconciliação é um Sacramento de cura. Quando eu vou confessar-me é para curar-me, curar a minha alma, curar o coração e algo que fiz e não foi bom. O ícone bíblico que o exprime melhor, em sua profunda ligação, é o episódio do perdão e da cura do paralítico, onde o Senhor Jesus se revela ao mesmo tempo médico das almas e dos corpos (cf Mc 2,1-12 // Mt 9,1-8; Lc 5,17-26).
1. O Sacramento da Penitência e da Reconciliação surge diretamente do mistério pascal. De fato, na própria noite de Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, fechados no cenáculo, e depois de ter dirigido a eles a saudação “A paz esteja convosco”, soprou sobre eles e disse: “Recebeis o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,21-23). Esta passagem nos revela a dinâmica mais profunda que está contida neste Sacramento. Antes de tudo, o fato de que o perdão dos nossos pecados não é algo que podemos dar a nós mesmos. Eu não posso dizer: perdoo os meus pecados. O perdão se pede, se pede a uma outra pessoa e na Confissão pedimos o perdão a Jesus. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um presente, é um dom do Espírito Santo, que nos enche com a misericórdia e a graça que surge incessantemente do coração aberto de Cristo crucificado e ressuscitado. Em segundo lugar, recorda-nos que somente se nos deixamos reconciliar no Senhor Jesus com o Pai e com os irmãos podemos estar verdadeiramente na paz. E todos sentimos isso no coração quando vamos confessar-nos, com um peso na alma, um pouco de tristeza; e quando recebemos o perdão de Jesus estamos em paz, com aquela paz da alma tão bela que somente Jesus pode dar, somente Ele.
2. No tempo, a celebração deste Sacramento passou de uma forma pública – porque no início se fazia publicamente – àquela pessoal, à forma reservada da Confissão. Isto, porém, não deve fazer perder a matriz eclesial, que constitui o contexto vital. De fato, é a comunidade cristã o lugar no qual se torna presente o Espírito, o qual renova os corações no amor de Deus e faz de todos os irmãos uma só coisa, em Cristo Jesus. Eis então porque não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no próprio coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja. Na celebração deste Sacramento, o sacerdote não representa somente Deus, mas toda a comunidade, que se reconhece na fragilidade de cada um de seus membros, que escuta comovida o seu arrependimento, que se reconcilia com ele, que o encoraja e o acompanha no caminho de conversão e amadurecimento cristão. Alguém pode dizer: eu me confesso somente com Deus. Sim, você pode dizer a Deus “perdoa-me”, e dizer os teus pecados, mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote. “Mas, padre, eu me envergonho…”. Também a vergonha é boa, é saudável ter um pouco de vergonha, porque envergonhar-se é saudável. Quando uma pessoa não tem vergonha, no meu país dizemos que é um “sem vergonha”: um “sin verguenza”. Mas também a vergonha faz bem, porque nos faz mais humildes e o sacerdote recebe com amor e com ternura esta confissão e em nome de Deus perdoa. Também do ponto de vista humano, para desabafar, é bom falar com o irmão e dizer ao sacerdote estas coisas, que são tão pesadas no meu coração. E alguém sente que desabafa diante de Deus, com a Igreja, com o irmão. Não ter medo da Confissão! Alguém, quando está na fila para confessar-se, sente todas estas coisas, também a vergonha, mas depois quando termina a Confissão sai livre, grande, belo, perdoado, purificado, feliz. É este o bonito da Confissão! Eu gostaria de perguntar-vos – mas não digam em voz alta, cada um responda no seu coração – quando foi a última vez que você se confessou? Cada um pense… São dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos? Cada um faça as contas, mas cada um diga a si mesmo: quando foi a última vez que eu me confessei? E se passou tanto tempo, não perder um dia a mais, vá, que o sacerdote será bom. É Jesus ali, e Jesus é o melhor dos sacerdotes, Jesus te recebe, recebe-te com tanto amor. Seja corajoso e vá à Confissão!
3. Queridos amigos, celebrar o Sacramento da Reconciliação significa ser envolvido em um abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai. Recordemos aquela bela, bela parábola do filho que foi embora de sua casa com o seu dinheiro da herança; gastou todo o dinheiro e depois quando não tinha mais nada decidiu voltar pra casa, não como filho, mas como servo. Tanta culpa tinha em seu coração e tanta vergonha. A surpresa foi que quando começou a falar, a pedir perdão, o pai não o deixou falar, abraçou-o, beijou-o e fez festa. Mas eu vos digo: toda vez que nós nos confessamos, Deus nos abraça, Deus faz festa! Vamos adiante neste caminho. Que Deus vos abençoe!
5. SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS
Boletim da Santa Sé - Catequese 26.02.2014
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de falar a vocês do Sacramento da Unção dos Enfermos, que nos permite tocar com a mão a compaixão de Deus pelo homem. No passado, era chamado “Extrema unção”, porque era entendido como conforto espiritual na iminência da morte. Falar, em vez disso, de “Unção dos enfermos” ajuda-nos a alargar o olhar à experiência da doença e do sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus.
1. Há um ícone bíblico que exprime em toda a sua profundidade o mistério que transparece na Unção dos enfermos: é a parábola do “bom samaritano”, no Evangelho de Lucas (10, 30-35). Toda vez que celebramos tal sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, faz-se próximo a quem sofre e está gravemente doente, ou idoso. Diz a parábola que o bom samaritano cuida do homem sofredor derramando sobre suas feridas óleo e vinho. O óleo nos faz pensar naquele que é abençoado pelo bispo todos os anos, na Missa do Crisma da Quinta-Feira Santa, propriamente em vista da Unção dos enfermos. O vinho, em vez disso, é sinal do amor e da graça de Cristo que surge da doação de sua vida por nós e se exprimem em toda a sua riqueza na vida sacramental da Igreja. Enfim, a pessoa que sofre é confiada a um hospedeiro, a fim de que possa continuar a cuidar dele, sem poupar despesas. Ora, quem é este hospedeiro? É a Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais, todos os dias, o Senhor Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para que possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a Sua misericórdia e a Sua salvação.
2. Este mandado é confirmado de modo explícito e preciso na Carta de Tiago, onde recomenda: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhes-ão perdoados” (5, 14-15). Trata-se então de uma prática que já estava em vigor no tempo dos apóstolos. Jesus, de fato, ensinou aos seus discípulos a ter a sua mesma predileção pelos doentes e pelos que sofrem e transmitiu a eles a capacidade e a tarefa de continuar difundindo em seu nome e segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial de tal sacramento. Isso, porém, não nos deve levar a uma busca obsessiva pelo milagre ou na presunção de poder obter sempre e seja como for a cura. Mas é a segurança da proximidade de Jesus ao doente e também ao idoso, porque todo idoso, toda pessoa com mais de 65 anos, pode receber este Sacramento, mediante o qual é o próprio Jesus que se aproxima.
3. Mas quando há um doente às vezes se pensa: “chamemos o sacerdote para que venha”; “Não, pois traz má sorte, não o chamemos”, ou “depois assusta o doente”. Por que se pensa isso? Porque há um pouco a ideia de que depois do sacerdote chegam os ritos funerais. E isto não é verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote junto ao doente e dizer: “venha, dê-lhe a unção, abençoe-o”. É o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para dar-lhe força, para dar-lhe esperança, para ajudá-lo; também para perdoar-lhe os pecados. E isto é belíssimo! E não é preciso pensar que isto seja um tabu, porque é sempre bonito saber que no momento da dor e da doença nós não estamos sozinhos: o sacerdote e aqueles que estão presentes durante a Unção dos enfermos representam de fato toda a comunidade cristã que, como um único corpo, se reúne em torno de quem sofre e dos familiares, alimentando nesse a fé e a esperança, e apoiando-lhe com a oração e o calor fraterno. Mas o conforto maior vem do fato de que ao tornar-se presente no Sacramento é o próprio Jesus que nos toma pela mão, acaricia-nos como fazia com os doentes e nos recorda que lhe pertencemos e que nada – nem o mal e a morte – poderá nos separar Dele. Temos este hábito de chamar o sacerdote para que venha aos nossos doentes – não digo doentes de gripe, de três, quatro dias, mas quando é uma doença séria – e também aos nossos idosos e dê a eles este Sacramento, este conforto, esta força de Jesus para seguir adiante? Façamos isso!
Boletim da Santa Sé - Catequese 26.03.2014
Tradução: Jéssica Marçal e Liliane Borges
Tradução: Jéssica Marçal e Liliane Borges
Queridos irmãos e irmãs,
Já tivemos oportunidade de referir que os três sacramentos, do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia, constituem juntos o mistério da “iniciação cristã”, um único grande evento de graça que nos regenera em Cristo. É esta a vocação fundamental que une todos na Igreja, como discípulos do Senhor Jesus. Há depois dois sacramentos que correspondem a duas vocações específicas: trata-se da Ordem e do Matrimônio. Esses constituem dois grandes caminhos através dos quais o cristão pode fazer da própria vida um dom de amor, a exemplo e em nome de Cristo, e assim cooperar à edificação da Igreja.
A Ordem, caracterizado nas três grades do episcopado, presbiterato e diaconato, é o Sacramento que habilita ao exercício do ministério, confiado pelo Senhor Jesus aos apóstolos, de apascentar o seu rebanho, no poder do seu Espírito e segundo o seu coração. Apascentar o rebanho de Jesus não com o poder da força humana ou com o próprio poder, mas aquela do Espírito e segundo o seu coração, o coração de Jesus que é um coração de amor. O sacerdote, o bispo, o diácono deve apascentar o rebanho do Senhor com amor. Se não o faz com amor não serve. E nesse sentido, os ministros que são escolhidos e consagrados para este serviço prolongam no tempo a presença de Jesus, se o fazem com o poder do Espírito Santo em nome de Deus e com amor.
1. Um primeiro aspecto. Aqueles que são ordenados são colocados como líderes da comunidade. São “a cabeça” sim, porém para Jesus isso significa colocar a própria autoridade a serviço, como Ele mesmo mostrou e ensinou a seus discípulos com estas palavras: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça o vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. Assim como o Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por uma multidão” (Mt 20,25-28 // Mc 10,42-45). Um bispo que não está a serviço da comunidade não faz bem; um sacerdote, um padre que não está a serviço da sua comunidade não faz bem, erra.
2. Uma outra característica que sempre deriva desta união sacramental com Cristo é o amor apaixonado pela Igreja. Pensemos no trecho da Carta aos Efésios, na qual São Paulo diz que Cristo “amou a Igreja e se entregou por ela para a santificar, purificando-a com a água, mediante a palavra, para a apresentar a si mesmo uma Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga, ou qualquer outra coisa “(5:25-27). Por força da Ordem, o ministro dedica-se totalmente à sua comunidade e a ama de todo o coração coração: é a sua família. O bispo, o padre amam a Igreja em sua própria comunidade, fortemente. Como? Assim como Cristo ama a Igreja. O mesmo dirá São Paulo do casamento: o marido ama sua esposa como Cristo ama a Igreja. É um grande mistério de amor: o ministério sacerdotal e o matrimônio, dois sacramentos, que são a maneira pela qual as pessoas costumam ir para o Senhor.
3. Um último aspecto. O apóstolo Paulo aconselha seu discípulo Timóteo a não descuidar, mais do que isso, a reavivar sempre o dom que há nele. O dom que lhe foi dado através da imposição das mãos (cf. 1 Tm 4, 14, 2 Tm 1,6). Quando não se alimenta o ministério, o ministério do bispo, o ministério do sacerdote com a oração, com a escuta da Palavra de Deus, e com a celebração diária da Eucaristia e também com a presença do sacramento da Penitência, é inevitável perder de vista o o sentido autêntico do próprio serviço e a alegria que deriva de uma comunhão profunda com Jesus.
4. O bispo que não reza, o bispo que não escuta da Palavra de Deus, que não celebra todos os dias, que não se confessa regularmente, e o mesmo para o padre que não faz estas coisas, com o tempo, perdem a sua união com Jesus e vivem uma mediocridade que não é boa para a Igreja. Por isso, devemos ajudar os bispos e padres a rezarem, a ouvirem a Palavra de Deus que é o alimento diário, a celebrarem a Eucaristia todos os dias e irem à confissão regularmente. Isto é tão importante porque diz respeito à santificação dos sacerdotes e bispos.
5. Gostaria de terminar com uma coisa que me vem à mente: mas como se deve fazer para se tornar um sacerdote, onde são vendidos os acessos ao sacerdócio? Não. Não se vendem. Esta é uma iniciativa do Senhor. O Senhor chama. Ele chama cada um daqueles que Ele quer que se torne sacerdote. Talvez existam alguns jovens aqui que sentiram este chamado em seu coração, o desejo de se tornar padre, o desejo de servir aos outros nas coisas de Deus, o desejo de estar por toda a vida a serviço para catequizar, batizar, perdoar, celebrar a Eucaristia, cuidar dos doentes … e toda a vida dessa forma. Se algum de vocês já sentiu isso no coração, é Jesus quem a colocou ai. Prestem atenção a este convite e rezem para que ele possa crescer e dê fruto em toda a Igreja.
7. SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Boletim da Santa Sé - Catequese 02.04.2014
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Hoje concluímos o ciclo de catequeses sobre os sacramentos falando do matrimônio. Este sacramento nos conduz ao coração do desígnio de Deus, que é um desígnio de aliança com o seu povo, com todos nós, um desígnio de comunhão. No início do Livro do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, no ápice do relato da criação se diz: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e mulher… Por isto o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gen 1, 27; 2, 24). A imagem de Deus é o casal matrimonial: o homem e a mulher; não somente o homem, não somente a mulher, mas todos os dois. Esta é a imagem de Deus: o amor, a aliança de Deus conosco é representada naquela aliança entre o homem e a mulher. E isto é muito belo! Fomos criados para amar, como reflexo de Deus e do seu amor. E na união conjugal, o homem e a mulher realizam esta vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva.
1. Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, reflete-se neles, imprime neles seus próprios traços e o caráter indelével do seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Também Deus, de fato, é comunhão: as três Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo vivem desde sempre e para sempre em perfeita unidade. E é justamente esse o mistério do matrimônio: Deus faz dois esposos uma só existência. A Bíblia usa uma expressão forte e diz “uma única carne”, tão íntima é a união entre o homem e a mulher no matrimônio. E é justamente esse o mistério do matrimônio: o amor de Deus que se reflete no casal que decide viver junto. Por isto, o homem deixa a sua casa, a casa dos seus pais e vai viver com sua esposa e se une tão fortemente a ela que os dois se tornam – diz a Bíblia – uma só carne.
Mas vocês, esposos, lembra-se disso? Estão conscientes do grande presente que o Senhor vos deu? O verdadeiro “presente de casamento” é este! Na vossa união há o reflexo da Santíssima Trindade e com a graça de Cristo vocês são um ícone vivo e credível de Deus e do seu amor.
2. São Paulo, na Carta aos Efésios, coloca em destaque que nos esposos cristãos se reflete um mistério grande: a relação instituída por Cristo com a Igreja, uma relação nupcial (cf. Ef 5, 21-33). A Igreja é a esposa de Cristo. Esta é a relação. Isto significa que o matrimônio responde a uma vocação específica e deve ser considerada como uma consagração (cf. Gaudium et spes, 48; Familiaris consortio, 56). É uma consagração: o homem e a mulher são consagrados em seu amor. Os esposos, de fato, em força do Sacramento, são revestidos de uma verdadeira e própria missão, para que possam tornar visível, a partir de coisas simples, cotidianas, o amor com que Cristo ama a sua Igreja, continuando a doar a vida por ela, na fidelidade e no serviço.
3. É realmente um desígnio maravilhoso aquele que é inerente ao matrimônio! E acontece na simplicidade e também na fragilidade da condição humana. Sabemos bem quantas dificuldades e provações conhecem a vida de dois esposos… O importante é manter viva a ligação com Deus, que está na base da ligação conjugal. E a verdadeira ligação é sempre com o Senhor. Quando a família reza, a ligação se mantém. Quando o esposo reza pela esposa e a esposa reza pelo esposo, aquela ligação se torna forte; um reza pelo outro. É verdade que na vida matrimonial há tantas dificuldades, tantas; seja o trabalho, seja que o dinheiro não basta, seja que as crianças tenham problemas. Tantas dificuldades. E tantas vezes o marido e a mulher se tornam um pouco nervosos e brigam entre si. Brigam, é assim, sempre se briga no matrimônio, algumas vezes voam até os pratos. Mas não devemos ficar tristes por isto, a condição humana é assim. E o segredo é que o amor é mais forte que o momento no qual se briga e por isto eu aconselho aos esposos sempre: não terminem um dia no qual tenham brigado sem fazer as pazes. Sempre! E para fazer as pazes não é necessário chamar as Nações Unidas, que venham pra casa fazer a paz. É suficiente um pequeno gesto, um carinho, um olá! E amanhã! E amanhã se começa uma outra vez. E esta é a vida, levá-la adiante assim, levá-la adiante com a coragem de querer vivê-la juntos. E isto é grande, é belo! É algo belíssimo a vida matrimonial e devemos protegê-la sempre, proteger os filhos.
Outras vezes eu disse nesta Praça uma coisa que ajuda tanto a vida matrimonial. São três palavras que devem ser ditas sempre, três palavras que devem estar em casa: com licença, obrigado e desculpa. As três palavras mágicas. “Com licença”: para não ser invasivo na vida dos cônjuges. Com licença, mas o que te parece? Com licença, permito-me. “Obrigado”: agradecer o cônjuge; agradecer por aquilo que fez por mim, agradecer por isto. Aquela beleza de dar graças! E como todos nós erramos, aquela outra palavra que é um pouco difícil de dizê-la, mas é preciso dizê-la: “desculpa”. Com licença, obrigado e desculpa. Com estas três palavras, com a oração do esposo pela esposa e vice-versa, com fazer as pazes sempre antes que termine o dia, o matrimônio seguirá adiante. As três palavras mágicas, a oração e fazer as pazes sempre. Que o Senhor vos abençoe e rezem por mim.