Quando está se aproximando o dia da Primeira Eucaristia, eu sempre conto uma historinha que uma catequista partilhou
conosco na página Catequistas em Formação. Fiz algumas alterações, para adaptar
a história à nossa realidade.
A família
do seu Marcos era muito participativa na comunidade onde viviam. Ele e sua
esposa Carol participavam de muitas atividades na igreja. Marcos, logicamente
sempre que podia, por causa dos horários de trabalho, mas não deixavam de ir
sempre à missa. Quando não dava pra ir na parte da manhã, eles iam à tarde ou à
noite, mas não faltavam nunca a missa aos domingos.
Com o passar dos anos, Carol engravidou e nem por isso deixou de participar: ia sempre rezar o terço com os irmãos de comunidade, ajudava nas celebrações, comparecia às festas na igreja... Até que não deu mais e ela foi para o hospital, pois o seu filhinho ia nascer. E nasceu um garoto forte e quase carequinha. Ele tinha um montinho de cabelo bem no meio da cabeça, mas era uma graça! O garoto recebeu o nome de Felipe, bom, pelo menos é o que está escrito na certidão de nascimento dele, mas todos o chamam de Lipe, Lipinho.
E a vida continuou. Vocês acham que depois que o Lipe nasceu os pais deles pararam de fazer o que faziam, que era ir às novenas, a missa, participar das atividades? Que nada! Agora aonde iam, tinham que levar um carrinho de bebê e uma mala com fraldas, toalhinhas, lenços umedecidos...
Como toda criança, Lipe cresceu e começou a falar as palavrinhas que todos os pais esperam ouvir: MAMA e PAPA, só que vou contar uma coisa: Eu acho que essas palavras não significam mamãe e papai e sim mamadeira e papá de comida. Mas deixa os pais pensarem que os bebês estão chamando eles. Vamos voltar para a história.
Marcos e Carol iam em todos os lugares com o Lipe e um dos lugares que Lipe mais gostava era da Igreja. Quanto ele começou a engatinhar, se arrastava pelo chão da igreja e não queria mais saber de ficar no colo. Quando aprendeu a andar, vixe!!!! Aí foi um Deus nos acuda mesmo! Ele não parava quieto. Se seus pais dessem bobeira por um segundo, ele corria até o altar para ficar perto do padre. E lá ia Carol ou Marcos buscá-lo e tentar fazê-lo entender que tinha que ficar sentadinho e prestar atenção no que o padre estava fazendo. Porém o garoto era pequeno e logicamente tudo o que os pais falavam entrava por uma orelha e saía pela outra. E era assim em toda missa.
O tempo foi passando e os pais de Lipe continuavam ensinando o filho como se comportar durante a Missa, agora ele até ficava sentado, batia palmas e prestava atenção no altar, no padre, nos coroinhas, nos músicos, e só ia até o altar, quando acompanhava os pais na fila para receber a Eucaristia. Lipe olhava admirado os pais recebendo aquele “negócio branco” que a mãe falava que era o Corpo de Cristo.
E isso encantava Lipe, agora ele queria sempre se sentar nos bancos da frente para ninguém atrapalhar a visão dele do altar, tanto é que ninguém sentava no banco do Lipe. Ali ele via o padre perfeitamente, adorava as músicas do ofertório. Quando o padre fazia a consagração ele ajoelhava e ficava admirado.
Mas Lipe
ficou doente. Os pais o levaram ao médico. Fez inúmeros exames, Raio X e nada
de encontrar o que esse garoto tinha. Um dia, a mãe sem saber mais o que fazer,
nem que remédio dar, perguntou para Lipe se ele queria alguma coisa. Para sua
surpresa, ele disse que sim, ele queria “comer aquela coisa branca” que todos
comiam na missa. E agora? Bom, Carol foi falar com o padre e este disse para
levá-lo na Missa e no final, ir à sacristia que lá lhe daria uma hóstia não
consagrada.
E foi o
que fizeram. Levaram Lipe na missa e ele meio sonolento, febril, ficou
aguardando o momento de “comer aquele negócio branco”.
No fim da missa, após todos saírem, a família de Lipe se dirigiu à sacristia e o padre estava esperando para dar a hóstia para Lipe. Quando Lipe chegou, fez até a inclinação do tronco que os pais faziam, o padre pegou a hóstia e levou até a boca do garoto. Só que ele não abriu a boca, ou melhor, abriu para falar: “- Não é essa que eu quero!” O padre disse que era igual aos que os pais recebiam, mas o garoto bateu o pé e disse que não. O padre foi lá e pegou outra, mas o garoto insistia que não era igual. Pronto! Agora o negócio complicou.
O padre resolveu perguntar para Lipe por que ele acreditava que não era igual e Lipe respondeu sem pensar um segundo: “- Aquela que meus pais comem, BRILHA!”
Bom, aqui
tenho certeza que eles vão querer saber se o menino comungou a hóstia que
brilha. Vou ter que explicar que primeiro o Lipe terá que ir para a Catequese
para fazer a Primeira Comunhão. Rsrs
Encerrando,
passei a falar um pouco sobre a minha história:
Fui batizada quando era bebê e lembro que desde pequena, minha mãe sempre me trazia à igreja, junto com os meus irmãos (ela nos beliscava quando conversávamos na hora da missa! rsrs). Meu pai não era frequentador assíduo, ele dizia que não era de igreja, mas não nos proibia de vir e sei que era um homem de fé, pois muitas vezes o peguei rezando.
Quando eu era criança, eu já morava onde moro. É um pouco distante da igreja e naquela
época só tinha ônibus que fazia ponto final numa praça que ficava bem antes da minha casa, e muitas
vezes nem tínhamos dinheiro pra pagar a passagem. Então, nós vínhamos a pé pra
missa. A Catequese foi na casa da minha madrinha, ela foi a minha catequista. Recebíamos um livro fininho com perguntas e respostas, e como eu tinha muita facilidade para decorar, com um mês de catequese me consideraram "preparada" para receber o Sacramento da Eucaristia. Eu tinha nove anos de idade. Logo a seguir fui crismada, também aqui na Matriz, depois
passei a participar, além das missas aos domingos, de um encontro com a Irmã
Sacramento, uma freira que coordenava a catequese aqui na Paróquia.
Eu
gostava de vir à igreja, mas pra falar a verdade, eu não entendia muito bem o
que acontecia na missa, e quando era criança, às vezes preferia ficar lá fora brincando. Confesso que só fui aprender mesmo sobre a
missa depois que me tornei catequista. Bom, ainda tem muita coisa que não
entendo. Por exemplo, na hora de pedir perdão, sinto meu coração pequeno,
pesado, e muitas vezes sinto uma tristeza, um mal-estar... Tem dia, “na hora do
Glória”, que me dá vontade de sair pelo corredor cantando e dançando. E muitas vezes, no momento da comunhão, sinto as lágrimas caírem quando recebo Jesus
das mãos do padre... São tantas coisas que ainda não entendo, mas uma coisa eu
tenho certeza: “aquela coisa branca” que sempre está brilhando, é essa que eu
quero!