“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, vos digo: todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado.” (João 8,34).
O pecado nos suja, nos tira a dignidade de filhos de Deus. O pecado desumaniza e rouba tudo que é plano de Deus para nós. O pecado é uma conspiração contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. O pecado enfraquece, adoece, escraviza e mata. O pecado é malignissimo. Seu salário é a morte! O pecado é o pior de todos os males. É pior do que o sofrimento e do que a própria morte. Pois nem o sofrimento nem a morte pode nos separar de Deus, mas o pecado faz separação entre nós e Deus. Não há nenhum outro meio de nos livrarmos dessa escravidão e de sermos purificados de nossos pecados, exceto pelo sangue de Jesus. Que precioso sangue!
Mas afinal, que negócio é esse de pecado?
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital...
O que é tudo isso quer dizer?
O conceito de pecado é bastante simples: basicamente, o pecado é um ato de egoísmo exagerado. É preferir a si mesmo e antepor-se a Deus e aos outros, cedendo às paixões desordenadas que nos colocam no centro da nossa própria existência e negando a nossa natureza, que só se completa quando se abre ao próximo e a Deus. O pecado é a recusa a instaurar com Deus e com os outros uma relação de amor. O pecado é um "converter-se às criaturas" e "rejeitar o Criador". Em geral, o pecador só deseja os prazeres proporcionados pelas criaturas, e não necessariamente quer rejeitar o Criador. No entanto, ao se deixar seduzir por satisfações fugazes proporcionadas pelas criaturas, o pecador sabe, implicitamente, que está agindo contra o amor do Criador, pois sente que o prazer terreno não o preenche e, mesmo assim, não resiste a ele.
É por isso que o pecado fere o próprio pecador, afastando-o da plenitude oferecida por Deus. E é por isso que o pecado ofende a Deus: não porque Deus, como Deus, seja diminuído, mas porque nós próprios, ao pecar, nos diminuímos diante da grandeza que Deus nos oferece.
Para Jesus, o pecado nasce no interior do homem (cf. Mt 15, 10-20). É por isso que é necessária a transformação interior, do coração. Para Jesus, o pecado é uma escravidão: o homem se deixa ficar em poder do maligno, valorizando falsamente as coisas deste mundo, deixando-se arrastar pelo imediato, por satisfações sensíveis que não saciam a nossa sede de amor e de plenitude.
Quais são os tipos de pecado?
1 - O pecado original é a herança que todos recebemos dos nossos primeiros pais, Adão e Eva: eles desconfiaram do amor de Deus Pai e cederam à tentação de deixá-lo de fora das suas escolhas pessoais. Como filhos de uma humanidade que perdeu a inocência, todos nós nascemos com a natureza caída de pecadores e precisamos da graça de Deus, mediante o sacramento do batismo, para purificar a nossa alma.
2 - O pecado atual ou pessoal é aquele que cometemos como indivíduos, voluntária e conscientemente. Pode ser cometido de quatro maneiras: com o pensamento, com as palavras, com as obras ou com as omissões. E pode ser contra Deus, contra o próximo ou contra nós mesmos. O pecado pessoal pode ser mortal ou venial:
2.1. O pecado venial ou leve é aquele que cometemos sem plena consciência ou sem pleno consentimento, ou então com plena consciência e consentimento, mas em matéria leve.
2.2. O pecado mortal ou grave é aquele que envolve três fatores simultâneos: plena consciência, pleno consentimento e matéria grave.
O que é matéria grave e matéria leve?
A "matéria" é o "fato" pecaminoso em si. É grave quando fere seriamente qualquer um dos dez mandamentos. Alguns exemplos: negar a existência de Deus, ofender a Deus, ofender os pais, matar ou ferir gravemente qualquer pessoa, colocar a si próprio em grave risco de morte sem justa razão, cometer atos impuros, roubar objetos de valor, caluniar, cometer graves omissões no cumprimento do dever, causar escândalo ao próximo.
Já a matéria leve é aquela que não fere seriamente nenhum dos dez mandamentos, ainda que consista num ato contrário a algum deles. Por exemplo: roubar é pecado, mas a gravidade desse pecado tem graus diversos. Furtar dez centavos não costuma prejudicar consideravelmente a vítima do furto; já o furto ou roubo de uma quantia cuja perda prejudica a vítima de modo considerável passa a ser matéria grave.
Quais são os efeitos do pecado?
O pecado mortal mata a vida da graça na alma, rompendo a relação vital com Deus; separa Deus da alma; faz com que percamos todos os méritos das coisas boas que fazemos; impede que a alma participe da eternidade com Deus. Como é perdoado o pecado mortal? Com uma boa confissão ou com um ato de contrição perfeito, unido ao propósito de confessar-se assim que for possível.
Fonte: Aleteia
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